O avanço da tecnologia e a transformação digital da sociedade trouxeram à tona uma série de novos termos que se incorporaram ao nosso dia a dia. Conceitos como inteligência artificial, smartphones, algoritmos, startups, aprendizado de máquina e bancos de dados estão cada vez mais presentes em nossas rotinas. Entre esses elementos, destaca-se o Big Data, um dos pilares que sustentam o funcionamento eficaz das inovações tecnológicas.
O Big Data desempenha um papel essencial em diversos aspectos da vida cotidiana, desde a navegação em redes sociais até a tomada de decisões estratégicas nos negócios. Ele impacta setores variados, como saúde, transporte, educação e entretenimento, moldando a maneira como vivemos e interagimos com o mundo.
A seguir, apresentamos cinco curiosidades sobre esse universo e como ele influencia nossas vidas de formas muitas vezes imperceptíveis.

Roger, funcionário da Google, fazendo manutenção do data center do Condado de Mayes, Oklahoma. Os nossos dados que ficam salvos na “nuvem”, na verdade, estão nesses milhares de computadores enfileirados | Foto: Galeria Google
1. “Meus dados estão salvos na nuvem”
A expressão “nuvem” pode soar volátil, mas, na realidade, ela se concretiza em gigantescos data centers espalhados pelo mundo. Essas instalações, que mais parecem fortalezas de concreto, abrigam milhares de servidores que operam incessantemente para armazenar e processar nossas informações.
Empresas como Google, Microsoft e Amazon gerenciam esses espaços, que ocupam áreas imensas e consomem uma quantidade significativa de recursos. A segurança é uma prioridade nesses locais: eles são equipados com sistemas avançados de controle de temperatura, uso de energia renovável e proteção física e digital rigorosa.
Quando você salva uma foto ou envia um e-mail, esses dados percorrem uma infraestrutura tecnológica impressionante para serem armazenados em servidores localizados nesses complexos. E a inovação vai ainda mais longe: já existem data centers instalados até no fundo do mar.

Um dos desafios em manter um Data Center é a eficiência energética para manter o refrigeramento | Foto: Pexels
2. A conta de luz é alta!
Manter um data center em funcionamento é um desafio de grandes proporções. Essas instalações, essenciais para atender às crescentes demandas de armazenamento e processamento de dados, consomem volumes colossais de energia. Segundo o professor Caetano Traina, do MBA em Inteligência Artificial e Big Data do ICMC, um único data center de grande porte pode consumir a mesma quantidade de energia que uma cidade inteira, como Campinas.
Para reduzir o impacto ambiental, gigantes da tecnologia têm investido em soluções inovadoras, como o uso de painéis solares, energia eólica e data centers submersos, que aproveitam a refrigeração natural dos oceanos.
Um exemplo marcante é o da Microsoft, que instalou um data center no fundo do mar, nas Ilhas Orkney, na Escócia, a uma profundidade de 37 metros. A baixa temperatura das águas profundas foi utilizada para resfriar os servidores de forma eficiente. Após dois anos de operação, o equipamento foi retirado da água, e a empresa relatou, segundo a BBC, que os servidores submersos apresentaram menos problemas do que os de data centers convencionais.
Esses esforços demonstram como inovação e sustentabilidade podem caminhar lado a lado, criando soluções tecnológicas mais amigáveis ao meio ambiente.

Classificar, analisar e relacionar os dados é um desafio para quem lida com banco de dados | Foto: Pexels
3. O desafio é encontrar e relacionar as informações
Enquanto armazenar dados exige estratégias estruturais robustas, o verdadeiro desafio surge na hora de processá-los. Em meio a um oceano de informações, a tarefa mais complexa é classificá-las, analisá-las e transformá-las em algo útil. É nesse contexto que entram em cena os conceitos de Big Data, que impulsionam aplicações ao explorar o potencial de um banco de dados.
Empresas utilizam algoritmos avançados e inteligência artificial para correlacionar dados aparentemente desconexos e extrair percepções valiosas. Por exemplo, supermercados podem prever os produtos mais procurados em feriados específicos, enquanto governos utilizam dados para monitorar e antecipar crises climáticas. Neste último caso, o Big Data se destaca pela capacidade de integrar diferentes formatos de dados, como texto, imagens e até mesmo som, para gerar análises mais completas.
Sem as ferramentas adequadas, o imenso volume de dados gerado seria apenas um amontoado de informações desconexas. É por isso que termos como Big Data e Inteligência Artificial caminham lado a lado. O MBA em Inteligência Artificial e Big Data, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, é um exemplo claro de como esses dois campos podem ser conectados para formar profissionais capacitados a enfrentar os desafios desse universo.

4. Big Data está em todo lugar
Cada interação na internet gera uma quantidade impressionante de dados. A cada minuto, 500 horas de vídeos são carregadas no YouTube, bilhões de mensagens são enviadas no WhatsApp e milhões de buscas são realizadas no Google. Essa avalanche de informações não é apenas armazenada, mas também analisada para prever comportamentos e preferências. Se você utiliza um smartphone, seus dados são coletados continuamente, seja pelo uso dessas ferramentas ou até mesmo pela geolocalização.
Esses dados alimentam algoritmos que transformam a experiência digital. As plataformas utilizam essas informações para recomendar filmes, músicas e até as rotas mais rápidas no trânsito. No comércio eletrônico, o Big Data é o motor por trás de estratégias de marketing personalizadas, como promoções feitas sob medida para cada consumidor.
5. Big Data e Saúde
No campo da saúde, o Big Data desempenha um papel crucial. Com ele, médicos e pesquisadores podem identificar padrões em históricos médicos, prever surtos de doenças e até personalizar tratamentos de forma mais eficaz.
Por exemplo, algoritmos baseados em Big Data são capazes de identificar estágios iniciais de doenças como o câncer, proporcionando diagnósticos mais rápidos e precisos. Além disso, o compartilhamento de dados entre instituições médicas acelera pesquisas e facilita a descoberta de novos medicamentos. Essa abordagem integrada está salvando vidas e redefinindo os cuidados com a saúde.Um exemplo prático dessa aplicação vem de João Vitor Rodrigues Santillo, formando da 3ª turma do MBA em Inteligência Artificial e Big Data do ICMC. Em seu trabalho de conclusão de curso, João desenvolveu uma solução direcionada para a área da saúde: um modelo de linguagem que traz mais confiança e agilidade ao diagnóstico do câncer de mama. O programa analisa imagens de mamografias e explica, destacando aspectos específicos da imagem, se há elementos que sugerem a presença da doença. Essa ferramenta não apenas auxilia o médico a tomar decisões mais seguras, mas também otimiza o tempo e a precisão no atendimento.

Na medicina o banco de dados pode ser usado para melhorar o diagnóstico de doenças | Foto: Pexels
O mundo dos dados
O Big Data vai muito além de gráficos e tabelas: ele está transformando a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Desde garantir a eficiência de serviços na nuvem e otimizar o consumo energético até organizar dados complexos e revolucionar a saúde, o Big Data molda o presente enquanto abre portas para o futuro.
Big Data também é o alicerce que sustenta a revolução das inteligências artificiais (IAs) generativas como o ChatGPT, as quais estão transformando profundamente a forma como interagimos com informações e criamos conteúdos. O enorme volume de dados gerados a cada instante por atividades humanas e máquinas, como postagens em redes sociais, transações financeiras, dados de sensores, vídeos, música e muito mais, quando organizados e analisados tornam-se a base para o treinamento de IAs generativas, que são capazes de criar textos, vídeos e outros tipos de conteúdo com qualidade impressionante. Por exemplo, ferramentas de IA em forma de chat, como as que escrevem textos em linguagem natural, utilizam padrões identificados em bilhões de exemplos reais para produzir respostas e histórias que parecem escritas por pessoas.
Na criação de vídeos, o impacto é ainda mais surpreendente. As IAs generativas conseguem combinar dados de áudio, imagem e movimento para produzir vídeos inteiramente novos, baseados em descrições ou exemplos fornecidos. Essas tecnologias dependem diretamente de Big Data, pois precisam de um volume gigantesco de informações visuais e sonoras para “aprender” a criar conteúdos que sejam realistas. Assim, Big Data não apenas alimenta as capacidades dessas IAs, mas também amplifica seu impacto em áreas como entretenimento, marketing e educação, permitindo uma personalização sem precedentes e novas formas de criatividade.
No MBA em Inteligência Artificial e Big Data do ICMC, os professores não apenas compartilham conhecimentos técnicos, mas também ensinam como criar aplicações seguras e éticas para a inteligência artificial. Assim, os alunos saem preparados para transformar dados em soluções com impacto social significativo, contribuindo para um mundo mais conectado e sustentável.
Texto: Carolina Pelegrin, da Fontes Comunicação Científica